quarta-feira, 23 de abril de 2008

Quem vem lá!?

Sou apenas eu, essa vertigem autofágica, essa metamorfose que se esforça por caridade a transformar o ouro em chumbo e o chumbo em cerne, em carne, em sangue.
Sou apenas eu, esse projeto de poeta melindroso e melodramático, esse projeto de escritor, esse projeto de alcoólatra.
Sou apenas eu, alguém que também chora, ri, dança no chuveiro, come pipoca e assiste TV.
Sou apenas eu, aquele que ama, não tanto, pois ama demais a si mesmo.
Sou apenas eu, a contravenção do amor próprio expresso pela auto destruição, amo de mais a mim mesmo, não me agüento nesse globo.
Sou apenas eu, pois não sou apenas mais um, mesmo sendo discreto na multidão como qualquer outro.
Sou apenas eu, aquele rosto redondo de olhos castanhos atrás dos óculos escuros, aquele ninguém, que você se soubesse, doaria 5 minutos da sua vida para parar para conversar.
Sou apenas eu, o orgulho de mim mesmo, aquele que ama a imagem do espelho e ama tanto que abrevia o sofrimento através da cirrose e do enfisema.
Sou tão apenas eu, que sou muito mais que apenas, sou o verbo, sou o ceticismo, sou o orgulho, sou os olhos, os óculos, a cerne, o chumbo, o ouro, o sangue, a bile, sou tanto quanto qualquer um, mas para mim sou muito mais, sou único.

3 comentários:

Felipe Castilho disse...

Tem coisas que nao se explicam, mas acho que a palavra MELODRAMATICO usada nesse texto, veio da musica do greenday basketcase, que o cara fala "melodramatic fool" e a gente traduziu no carro rindo e cantando indo pro guaruja... Acho que assim ela foi parar no inconsciente, cabe a nós agora descobrir de onde vieram todas as outras.
Um abraço
Castilho

Felipe Castilho disse...

Ahhh e por falar em "amo demais a mim mesmo" peguei do Drummond "Eu te amo porque não amo bastante ou demais a mim" como utensílio num poema que eu fiz pra uma das minhas mulheres hahahaha!

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O que sinto por você, linda, não é um amor doentio, não é um amor que me consome. Meu amor por você é saudável, me alimenta. Meu amor me enaltece de tanta energia, ele é como a natureza, é jovem é belo.
Nosso amor não é um amor que se sofre, é algo que se aprecia, que se vive. Nosso amor não é pesado, ele é leve, harmônico e profundo em sua paz. Nosso amor não dói, não machuca, ele cura as feridas do nosso passado. Nosso amor não se vulgariza, ele é elegante.
Meu amor por você contraria Camões, não é ferida que dói e não se sente, e nem contentamento descontente. Talvez nem amor o seja, se pegarmos o jargão do verbo amar e filtrar todas as coisas ruins, e jogar elas fora, sobra o que sinto por você. É o amor dos otimistas, o amor dos poetas felizes e não dos ludibriados.
Meu amor por você contraria Drumonnd porque amo bastante ou demais a mim mesmo. Nosso amor é o anti-amor, é a dimensão paralela, é a evolução do amor.
Nosso amor é apaixonado por nós, e não nós por ele.

Mariana Lab disse...

Adorei esse texto... na minha opinião não somos capazes de amar ninguém se não amamos a nós mesmos, mas quando amamos demais alguém nos colocamos em segundo lugar, o que não deveria acontecer... Meus parabéns
Acho interessante o modo que vc escreve quando tenta se definir