segunda-feira, 28 de abril de 2008

Tentar

Sempre que escolho um caminho próprio, não falta quem essa escolha critique, dizem para não manter a filosofia, pedem que abdique do anarquismo, das idéias e do ceticismo. Colocam tudo como se houvesse uma escolha certa, algo com senso e tato que apenas o mais idiota contraria. Dizem que tudo vai dar errado e eu não terei para onde correr, talvez todos estejam certos e eu seja um grande louco. Tudo pode dar errado e grande parte com certeza dará, ninguém percebe realmente, que a única insanidade que eu tenho, é tentar trilhar um caminho novo, sou a cobaia da minha própria escolha.

Que tudo de errado, que todos meus tiros saiam pela culatra, que se prove que o melhor caminho é mesmo a estrada aberta onde todos já trilharam, que a discussão de filosofia fiquem presas nas quatro paredes das salas de aula, que a poesia saia apenas das mãos dos que já morreram, que sejam coisinhas bonitinhas ensinadas na escola e talvez eleitas pelos mais românticos para servirem de presente as namoradas. Que a língua seja morta, parca, algo que ninguém jamais brinca como a mesa de cristal de uma casa antiga.

Que a diversão seja não pensar, seja apenas aprender quem já o fez. E em algum cenário propício aplicar, que o dinamismo morra, que a alma suma, que o fazer amor vire dar, que o teatro vire Faustão, os cineastas o Jabor. Que Bethoven vire Funk, que a inocência se perca. Que o mundo que eu acredito esteja todo errado.

Mas na hora em que eu fecho os olhos, sei de verdade, que já fui poeta, filosofo, escritor e músico. Sei que vivi cada vão momento, sei de verdade que eu tentei. E que mesmo tudo dando errado, hoje só existe o que estudar, pois houve quem pensou assim.

Se o mundo fosse reto, Vinícius seria diplomata, Tchaikovsky advogado, Nietzsche pastor e Schopenhauer comerciante. Não sei para vocês, mas para mim, essas são as profissões que servem para por o pão de cada dia na mesa, enquanto a poesia, a música, a filosofia, enfim, a arte são as razões para consumi-lo.

Enfim. Que passem bem aqueles que tentam.

3 comentários:

Unknown disse...

Ah!
Se esse blog permitisse mais uma assinatura embaixo!!
Ah!
Ali estaria a minha, com toda certeza!!!

Enfim, talvez me expresse de outra forma, com uma única palavra popular:

Amém!

Anônimo disse...

Amém, também. Disse tudo.

Felipe Castilho disse...

Acho que talvez os melhores textos sejam aqueles que te deixam sem palavras, que te choquem e façam apenas você refletir sem ao menos fazer força para pensar. Agora é um dos meus textos favoritos escritos por você. E como terceiro em seguida só digo que não há nada ha dizer, só assinamos nossa passagem.