segunda-feira, 2 de junho de 2008

Eu sei quem sou!

Eu não sou o que sou, pois acho mais certo ser assim, eu sou o que sei que sou, não sou diferente pois não sei, se tudo vai dar certo ou se eu vou ser o maior tiro da culatra da minha própria existência depende do que vocês sabem, pois por mim, ninguém soube mais, suei e chorei, soei e cantei, entoei o que tive que entoar, sei um caminho e o estou seguindo. O que eu sei já sou eu, não vou mudar muito, agora só dependo do que vocês sabem, do que vocês acham que sabem, sobre o que eu sou.
Tomarei banho de chapéu se souber que é isso, não acho mais, só sei, sou a seqüência de certezas que definem meu caráter, vocês gostarem ou não depende da sua própria gama de certezas, o que vocês sabem? E não me enganem, eu sei que vocês sabem.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Morte Súbita

-Rê! Rê! Rêêêêê! E as últimas sonoridades da palavra foram apagadas pelo barulho de algo que parecia milhões de latas sendo amassadas em um mesmo segundo. Levantou a cabeça a tempo de ver outro carro cantando pneus em uma tentativa desesperada de não lhe atingir o flanco, os pneus pararam de cantar e se fez finalmente o silêncio, não o que esperava, não o que achou que finalmente ia encontrar.
Foi recebido por um rosto familiar, achou estar confuso após a colisão, mas apressou-se a conferir se tudo a sua volta corria bem, foi inundado por um espírito paternal, se pôs a resolver tudo, se tivesse feito qualquer outra coisa na sua vida com a mesma gana jamais haveria de ter falhado. Foi acometido de lembranças da época de auto escola, faces que em outra situação jamais haveria de lembrar entraram em sua mente e lhe disseram o que fazer, procurar por vítimas, reduzir os riscos e sinalizar. Resolveu tudo com maestria, enfim após ter certeza de que estava tudo bem com todos, fez um pequeno check-up para garantir que também estava inteiro.
Afastou-se da gasolina e sentou para fumar, a adrenalina havia abaixado. Dores lancinantes invadiram-lhe o peito, não conseguia respirar, mas em vez de se entregar a posição fetal e ao choro, contou a primeira piada e tudo se tornou fácil. Riu, riu e riu, como se tudo fosse uma grande comédia melodramática, riu até não agüentar mais a dor no peito, e enfim parou e pensou.
Pensou no palmo, no único palmo que o separou do poste, lembrou do cinto de segurança que havia se tornado um hábito desde que começou a andar na frente no carro dos pais e avós, pensou que o detalhe que podia ter sido deixado de lado, havia o deixado praticamente ileso e riu novamente e contou piadas até todos ficarem irritados e resolverem ir embora, não importava ele estava inteiro, por incrível que pareça. Enfim levantou e decidiu de uma vez por todas se entregar a vida, havia dado mais um beijo de língua na morte, o flerte já havia ficado para outras épocas. Enfim levantou e riu, pois ele, por incrível que pareça, por mais inacreditável que fosse, saia andando para mais uma festa, para mais um flerte, para mais uma vida, talvez a última, talvez não. Quem sabe?

60 minutos do primeiro tempo

Havia decidido mudar, mas dessa vez com tanta força que acreditava finalmente ter conseguido, como acreditava pelas teorias sobre psicodelia, que quem muda, muda também o setting, terminou na rodoviária com a passagem para São Paulo em mãos, era uma manhã fria na capital catarinense e ele estava cansado após a noite mal dormida, ou melhor, não dormida, logo que chegou, sentiu um pequeno ar de sucesso, que fazia tempo que não sentia.
Resolveu então fumar um cigarro, e como pela primeira vez na sua vida parecia se importar com o demais, saiu do recinto de cheiro acre e de chão imundo que era a rodoviária daquele lugar para fazê-lo, olhou para os lados até ter certeza de estar sozinho, como se pela primeira vez a auto-agressão fosse um crime, tateou os bolsos para achar o maço novo, recém aberto, e trouxe o cigarro a boca, demorou para encontrar o isqueiro, o que parecer ser uma eternidade, sempre tenso como um animal ameaçado pelo que vinha dos outros, achou finalmente. Sentiu o ar quente solto pelo isqueiro acerta-lhe o rosto, logo em seguida a fumaça azulada da ponta subia ao ar e a fumaça quente descia-lhe pela garganta para preencher os pulmões. Sentiu prazer.
Fumou por algum tempo, trocando rapidamente o foco, para não pensar, não podia pensar, sabia que não conseguiria conclusões então resolveu matar todo o processo, viu um casal feliz que parecia se encontrar depois de longa data e percebeu que falhou, mesmo forçando a visão para outras linhas, foi inundado por visões de si mesmo em épocas mais felizes. Durante um segundo ou talvez toda uma era, relembrou os amores platônicos, os beijos apaixonados e as juras de amor insensatas.
Tomou uma decisão, sabia o que queria e aquilo era o que queria, ficou feliz de ter falhado em chacinar seus pensamentos, havia ainda coisas boas a se pensar, a se lembrar e assim, muitos sentimentos a se repetir, não era tão vazio quanto imaginava, ou melhor, como um tempo atrás com todas as suas forças desejou.
Percebeu um homem de tez negra aproximar-se ressabiado, como um outro animal assustado, tinha a tez de um negro completo, sem brilho, mas as mãos e pés estavam sujas de um cinza, a mistura de cores e o cheiro do homem revirou o estomago, lembrou que não comia a muitas horas, sentiu-se enjoado e já tateou o bolso em busca do maço novo de cigarros, sabia que era isso e somente isso que aquele homem desejava, sabia que não se misturavam, por maldade dos fatos, ou apenas por certezas sem verdades que os dois carregavam.
Torceu para que a abordagem não demorasse, torceu e torceu por todo um longo tempo, uma grande barreira separava os dois, e ele sabia disso, ambos eram homens invisíveis para o outro.
Mas a barreira se quebrou, eliminando a tensão:
-O senhor pode me arrumar um cigarro? – Achou graça de ser chamado de senhor, não acreditava nos títulos, mas não riu, apenas retirou a mão preparada do bolso, já com o maço bem preso e com prática, como se tudo que fizesse na vida fosse dar cigarros, abriu o maço com um dedo e o estendeu aberto ao homem. Ele vacilou, mas pegou, talvez pela barreira, que por nenhuma culpa dos dois, mas por extrema culpa de todos havia se criado.
-Tem fogo? – Ofereceu da forma mais educada possível o que cedia, como se para concertar alguma injustiça.
-Te...te...tenho sim- vacilou gaguejando o outro, e após alguns agradecimentos ininteligíveis, virou de costas e saiu andando.
Só agora um outro indivíduo entrava em cena, postura homossexual, também desconfiado, outro animal enjaulado, abordou o homem, o do cigarro. Enquanto esse se afastava, mas sempre olhando para os lados.
Ou é droga, ou pederastia. Pensou, na verdade soube, aproximou-se do lixo e apagou o cigarro em sua tampa, despejou a bituca dentro, não para não jogá-la no chão, apenas para observar mais um pouco os dois. Adentrou a estação arrastando a mala de carrinho, fazendo um barulho, que soava como a música da liberdade. Agradeceu ter novamente seus preconceitos, suas metas e suas certezas, sentou separado de todos, de frente para o vidro que o separava do terminal de embarque, abriu o pequeno caderno e começou a escrever, não conseguia mais entender sua própria letra, riu da ironia de um auto entitulado escritor não conseguir ler o que escreve. E pensou ser essa a paródia de toda a sua vida, era alguém que tinha as palavras, todas. Mas nunca aprendeu a ouvi-las, apressou-se a abrir a mala onde carregava sua vodka, suas roupas sujas e seu laptop.
Definiu o seu contraste com a sua volta, não importava, queria o contraste, não queria mais regras morais de não ostentação, pois era e sabia que era. Então escrevi isso que vocês estão lendo, só fui interrompido para embarcar após o chamado de, São Paulo, Jundiaí e Campinas, embarque das 6:45, plataforma 34 e agora, depois de passar a ponte e escutando dessa vez um chamado do vamos tentar ser felizes, não importa como. Vendo um lindo nascer do sol, dou o ponto final a esse texto e abro minha vodka, dessa vez e pela primeira vez em muito tempo para comemorar, talvez a última, talvez não, quem viver verá e eu no que depender de mim, o farei.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Sonhos quais

Se todo mundo lesse aquilo que li,

Se todos vivessem aquilo que vivi,

A vida era reta. Eu teria certeza do certo,

A verdade discreta seria de certo concreta.


Teríamos na meta, a nova verdade vertente,

Com o grito eloqüente, confuso e profundo,

Exterminaríamos o imundo, o profano, o infeliz,

Assim que me diz, o autor oriundo do velho ano.


Mas não leviano, a crise da diferença que causaria,

Eu lhe diria, que leia, o que eu não li, e o que não escrevi,

Assim quem sabe, saia finalmente de onde não saí.


Foges de ti, você não sabe o que faz, nem você nem

Os seus iguais, não sorri, não chorais, pois aqueles quais,

Seus iguais, morreram sem saber, seus profundos ideais.

Epitáfio

Antes de ser alguém digno de se ter na mesa de cabeceira, quero ser alguém digno de se ter na cama.

Henrique aloha, por favor escrevam isso

Urro

O corpo em solo ermo, sem medida sem termo.

Inconsciente e tremulo, quase morto e apático.

Gritante decadência, que tem com a mídia indiferença.

E no corpo idiossincrático, versátil e caustico,


Caido no carpete, da sala suja. Na mão o canivete,

E dentro da esquete, o sangue grosso e escuro,

Escorre sobre o muro, das barreiras desiguais.

Tem verdades as quais, solta em gritado sussurro,


Mais ainda em alto urro, que talvez, o carpete

E mais ainda o canivete, somente saberão.

Porém agora e então, deitado no espaço,


Gélido e estático, encontra-se o Humano,

Das idéias soberano, que por suprema humildade

Cometeu a atrocidade, de fechar seu próprio pano.

sábado, 10 de maio de 2008

Mãe

Soneto dedicado a minha mãe, mas escrito de forma genérica para respeitar a idéia do blog.


“Amor de mãe dispensa merecimento,”*1

E não causa nenhum entorpecimento.

Mãe é a aquela primeira forma feminina,

Movida pela conhecida dose de ocitocina*2.


É a única pessoa que vai estar ao lado,

Até durante o problema ser enfrentado,

É o único realmente amor verdadeiro,

Que te guiará pelo seu conto inteiro.


É a pessoa que por mais longe que esteja,

Você saberá que é sua única companheira,

E terá isso como aquela única certeza.


Ajudará em tudo aquilo que você almeja,

Durante a infância ou até vida inteira.

Mesmo que raramente, ou nunca a veja.




*1 Adaptado de Erich Fromm, psicanalista alemão.
*2 Hormonio produzido pelo Hipotálamo, chamado pelos especialistas de hormônio do amor, responsável pela sensação de prazer da mãe quando tem seu filho.

Dedicado principalmente a minha, mas a todas as mães possíveis.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Álcool, nicotina e depressão

Eu apenas sinto, os sentimos jamais vão influenciar a minha razão e por mais que eu queira, o contrário também é verdade, a única grande fuga para o homem é conhecer a integração, deixar para o sentimento o que lhe pertence e para a razão o que lhe é escolha, a ilusão da opção é a única coisa que impede que a percepção se abra, a necessidade de livre arbítrio é o único grilhão do homem, aprenda a ser escravo e seja feliz.



Sem mais, pensem apenas.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Prosa & Poesia

Na prosa racional, ou no poema vertical, há quem diga que é tudo igual, mas não, poesia é emoção, é sensação enquanto a prosa raciocínio e concentração, poesia se escreve na distração, prosa não tem condição, poesia é presa nas normas, solta nas formas e leva a própria absolvição, prosa é solta nas normas, presa nas formas e leva a própria perdição. Poesia não se sabe o que se tem até se ter, prosa se tem para se fazer ter.
Na poesia desigual,
com toda a métrica,
Até na meio tétrica,
Com todas as rimas,
Se tem o sentimento,
E se tenta, na medida
Que aquele seu aumento,
Exploda a veia poética,
Vaze pela mão patética,
E atinja o papel.

Sinto muito

Não se pode querer que se sinta,
Por que se sente por se sentir,
Não sentimos apenas o que convir,
A verdade do peito não é sucinta.

Jamais haverá quem a desminta,
Jamais haverá quem não a sinta,
Haverá sim quem por pleno pudor,
Ou ainda mesmo por secreto amor.

Decida esconde-la, a verdade faceira,
Quem sabe por aquele trauma anterior,
Que nos faz, todos, abdicar do torpor.


E do peito aberto, jamais minto,
E como um quase extinto caçador,
Apenas sinto, sinto, SINTO.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Noite

“É noite tudo se sabe” minha avó já dizia isso e possivelmente alguém antes dela, mas sei lá, não sei tudo por ser noite, a não ser o que passou hoje e isso é obvio, mesmo assim essa sempre me pareceu a melhor hora de produzir, de escrever, talvez porque o elefante que é criado pelo casal de duas mulheres que habita a casa ao lado da minha já esta dormindo (e isso só é surrealista se você não conhece meu condomínio), talvez por que é a hora que eu realmente estou acordado, não sei. Mas que é a hora certa isso tenho certeza.

Trabalho de noite e vejo que a grande maioria daqueles que produzem algo intelectual, dinâmico, verídico, também o fazem. Recordando minha história, minhas melhores conversas duraram uma noite inteira, meus maiores projetos vararam a madrugada e os melhores livros me causaram olheiras por semanas.

Enfim, isso não é muito um texto e sim uma homenagem aqueles que sabem o prazer que a noite trás, como Castilho e Muller, ambos Felipes que proporcionaram cada um em sua parcela grandes raciocínios, empresto de Vinicius algo para presentear a vocês:

"De manhã escureço,

de dia tardo,

de tarde anoiteço,

de noite ardo!"

Obrigado pela companhia, abraços.

Tentar

Sempre que escolho um caminho próprio, não falta quem essa escolha critique, dizem para não manter a filosofia, pedem que abdique do anarquismo, das idéias e do ceticismo. Colocam tudo como se houvesse uma escolha certa, algo com senso e tato que apenas o mais idiota contraria. Dizem que tudo vai dar errado e eu não terei para onde correr, talvez todos estejam certos e eu seja um grande louco. Tudo pode dar errado e grande parte com certeza dará, ninguém percebe realmente, que a única insanidade que eu tenho, é tentar trilhar um caminho novo, sou a cobaia da minha própria escolha.

Que tudo de errado, que todos meus tiros saiam pela culatra, que se prove que o melhor caminho é mesmo a estrada aberta onde todos já trilharam, que a discussão de filosofia fiquem presas nas quatro paredes das salas de aula, que a poesia saia apenas das mãos dos que já morreram, que sejam coisinhas bonitinhas ensinadas na escola e talvez eleitas pelos mais românticos para servirem de presente as namoradas. Que a língua seja morta, parca, algo que ninguém jamais brinca como a mesa de cristal de uma casa antiga.

Que a diversão seja não pensar, seja apenas aprender quem já o fez. E em algum cenário propício aplicar, que o dinamismo morra, que a alma suma, que o fazer amor vire dar, que o teatro vire Faustão, os cineastas o Jabor. Que Bethoven vire Funk, que a inocência se perca. Que o mundo que eu acredito esteja todo errado.

Mas na hora em que eu fecho os olhos, sei de verdade, que já fui poeta, filosofo, escritor e músico. Sei que vivi cada vão momento, sei de verdade que eu tentei. E que mesmo tudo dando errado, hoje só existe o que estudar, pois houve quem pensou assim.

Se o mundo fosse reto, Vinícius seria diplomata, Tchaikovsky advogado, Nietzsche pastor e Schopenhauer comerciante. Não sei para vocês, mas para mim, essas são as profissões que servem para por o pão de cada dia na mesa, enquanto a poesia, a música, a filosofia, enfim, a arte são as razões para consumi-lo.

Enfim. Que passem bem aqueles que tentam.

domingo, 27 de abril de 2008

Fim de semana de trovas

TROVA 1 (Ou toco histórico)

Ele:
Jovem e linda senhora,
meu coracão aqui clama,
a resposta da seguinte pergunta,
o que fará no fim de semana?

Ela:
O que fará no fim de semana?
pergunto o mesmo agora,
pois se entrar em lugar que estou,
eu levanto e vou embora.


Trova 2 (Aloha e Re)

Ela:
jovem e belo trovador
escuta meu coraçao
que te pede com ardor
um momento de razao

Eu:
Um momento de razão,
Não posso lhe entregar,
Mas um pouco de paixão,
Ficaria feliz em te dar.

Ela:
Ficaria feliz em dar
e feliz em receber
pois o que tem pra mostrar
faz essa relaçao crescer

Eu:
Faz essa relação crescer,
O seu jeito bem delicado,
Peço que não mude seu ser,
Nem muito nem um bocado.

Ela:
Nem muito nem um bocado
nao mudarei meu jeito
só expressarei um lado
que ninguem conhece direito

Eu:
Que ninguém conhece direito,
Isso tentarei de verdade mudar,
Pois vou conhecer seu jeito,
Nem que precise investigar.

Ela:
Nem que precise investigar
tambem nao irei desistir
posi foi nosso jeito de olhar
que me fez refletir

Eu:
Que me fez refletir,
O poder que o seu,
Olho tem de seduzir,
O que antes era meu.

Ela:
o que antes era meu
em um só refletiu
um encontro aconteceu
e nunca mais sumiu


é isso, mais uns meus na comu: Eu escrevo poesia do Orkut, tem uns bons la.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Lembranças

De lembrança ao beijo úmido, restou apenas o seco soneto.
De memória da gargalhada retumbante tenho apenas a
[lágrima muda.
O que me remete as promessas antigas são as novas mentiras.
O que me causa desgosto, é a falta de prazer ao ver seu rosto.

Hoje, as pedras em formato de coração partido, se sentiram longe.
Hoje, a lucidez do entorno me abandonou gritando: Não!
A negação da possibilidade me martiriza, vitimiza; Me entristece.
A comparação me enlouquece e a lembrança,
No tudo,
Me esquece.

A verdade pudica, lúdica, caustica.
Sofistica. Mente!
Para sofia, hoje me falta philos.
Também a alma e a metafísica.
Só me resta essa certeza.
Fraca, feia, manca e tísica.

Tudo e todos abordo!

Apenas quero te esquecer,
Poder respirar, talvez sorrir,
Conseguir quem sabe, viver,
Apenas fazer o que convir.

Cansei de me encolher,
Quero abdicar, talvez sumir,
Conseguir eu sei: me conter.
Respiro forte, só para submergir.

Talvez, com esforço reger,
Minha orquestra surda, muda.
Na realidade novamente me ater.

Com saudades, que a sorte me acuda,
Que eu consiga do bom me depreender,
Ou então: que morra dessa dor graúda.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Riso

Hoje é um dia em que logo que acordei ri de modo gostoso, ao abrir o lap top vi no Orkut um recado avisando que algo novo, com potencial absurdo havia começado, descobri que agora a internet vai ter um pouco mais de sentido.
Enfim, fiquei feliz pois um grande amigo, daqueles que nunca ousei chamar de irmão só para não diminuir sua importância na minha vida começou um blog, a época é a mais certa de fato, ele não deveria ter criado nem ontem nem amanha, pois ele foi quem me ensinou que se vive no hoje. Ele não vai atualizar sempre, pois da valor de mais a vida para gasta-la com os outros, ele começou com um texto sobre quem eu sou, garanto que isso não foi importante para que eu escrevesse isso, ele podia ter feito um texto sobre o clima, futebol ou banalidades. Pois aqui nesse texto trato de potencial, sei que aquilo vai longe, sei que ele tem muito a dizer.
E após eu dizer que ele era meu amigo, não esperem idéias iguais, nem ao menos parecidas, esperem o antônimo do meu auto-ódio, esperem a expressão de alguém que viveu na terra do nunca durante a vida, sabendo disso e agora armado de Filosofia e outras matérias que apreendeu apenas na faculdade volta para com certeza impressionar.
Enfim, vomitei minha amizade, assim como fizeram por mim quando resolvi começar a publicar idéias, espero que esse ciclo da escrita seja infinito.
http://felipecast.blogspot.com/ aqui se encontra o link, de um lugar que não é apenas o antônimo do meu Teamplate, mas principalmente de minhas idéias.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Quem vem lá!?

Sou apenas eu, essa vertigem autofágica, essa metamorfose que se esforça por caridade a transformar o ouro em chumbo e o chumbo em cerne, em carne, em sangue.
Sou apenas eu, esse projeto de poeta melindroso e melodramático, esse projeto de escritor, esse projeto de alcoólatra.
Sou apenas eu, alguém que também chora, ri, dança no chuveiro, come pipoca e assiste TV.
Sou apenas eu, aquele que ama, não tanto, pois ama demais a si mesmo.
Sou apenas eu, a contravenção do amor próprio expresso pela auto destruição, amo de mais a mim mesmo, não me agüento nesse globo.
Sou apenas eu, pois não sou apenas mais um, mesmo sendo discreto na multidão como qualquer outro.
Sou apenas eu, aquele rosto redondo de olhos castanhos atrás dos óculos escuros, aquele ninguém, que você se soubesse, doaria 5 minutos da sua vida para parar para conversar.
Sou apenas eu, o orgulho de mim mesmo, aquele que ama a imagem do espelho e ama tanto que abrevia o sofrimento através da cirrose e do enfisema.
Sou tão apenas eu, que sou muito mais que apenas, sou o verbo, sou o ceticismo, sou o orgulho, sou os olhos, os óculos, a cerne, o chumbo, o ouro, o sangue, a bile, sou tanto quanto qualquer um, mas para mim sou muito mais, sou único.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Reaceleração

Depois de um dia maldito, dores lancinantes de cabeça, dezoito horas de sono, tudo culpa do esforço mental do novo texto, das dezenas de hora sem sono (eu lírico: Por que isso não aconteceu com o Kerouack, mesmo com a benzendrina?), a maioria que visita isso aqui deve ter recebido uma cópia do que promete ser ou um conto muito longo ou um livro muito curto, uso esse texto para reacelerar o raciocínio para conseguir, talvez, novamente começar algo que esta me dando muito orgulho.

Agradeço os comentários daqueles que o fizeram e exijo aqueles que ainda não recebi, por hora, quase brisando por um mix de nosaldina e dor, volto ao trabalho.

sábado, 12 de abril de 2008

360 graus

Epílogo:

Texto tá confuso, complicado, praticamente ininteligível, mas vai ficar assim, questão de lições Kerouackianas escrita on demand da mente, aproveitem.

360 Graus:

A vida é complicada, ainda mais quando se pensa. De repente você desperta e como saindo de uma amnésia intelectual você se pergunta quem sou eu? Onde estou? Ai percebe que somos o reflexo do meio, pelo menos para o próprio meio, então focamos a segunda pergunta, quem é o meio? A infeliz resposta que chego é essa, o meio onde cresço é uma juventude sem cara, sem bandeira, sem estandarte, o grito é que a luta acabou, que a cortina desceu, que a arte morreu, que o ser humano parou de evoluir, que a psicologia é a nova gama de verdades que veio substituir a tão idiota religião. E vamos ser iguais, e viva a igualdade perfeita, que é perfeita pois é separada por castas. Sinto falta da romântica trama que via nos cinemas, e vejo esse reflexo em todos que viveram tal romântica trama, um Jabor surtando por não apertar a mão de Fidel, hoje procura pelos em ovos faz um melodrama com tendências idiotas tentando impressionar quem já viu tudo. Cheira mapas brasileiros desenhados com cocaína de mentira para o mesmo público que acabou de ver o maníaco da Machadinha guardando um bebe de 3 anos em envelopes no linha direta.

Quem queremos impressionar? Aqueles que com 10 anos viram Jim Morrison mostrando o pau para a multidão? Tudo foi banalizado, Quentin Tarantino tentando relembrar por rios de sangue a anestesiada platéia o que um dia foi violência conseguiu vender muito bem seu filme, ser motivo de riso para quem não entendeu, e motivo de aplauso para quem já sabia.

Quem puxa aqueles que ainda não estão aqui? Quem explica para os verdadeiramente anestesiados onde fica a porta da saída? Quem tira a porra da ampola de morfina da mão da TV globo? Que anestesia sistematicamente 90% do País com seus jornalecos vendidos, seus programas de cultura burra auxiliados de perto por revistinhas assumidamente posicionadas, que nada é neutro eu já sei, mas que jornalismo posicionado influenciando propositalmente a massa imbecil para direita e para a esquerda a seu bel prazer é anti-ético acho que já fica obvio.

Existem ainda algumas pessoas lutando contra as doses de anestesia diária que tomamos, o autor de Zeitgeist the movie é uma delas, fica a sugestão para quem nunca ouviu falar e obviamente esse filme não irá passar na tela-quente. Talvez no cinema se dermos sorte. Nosso mal, é não perceber o jogo, o cenário, os papéis, as representações, os heróis místicos de cada um trabalhando para a bola de neve, para a idéia geral, a fábula geral da política, da mídia, da arte. Os papéis são perfeitos, aqueles que não se informam, grande maioria continua cometendo atos idiotas, ai existem os salvadores da pátria como o Suplicy, o Gabeira, que estão lá só para não deixar o desespero imperar na pequena parcela da população que pensa. Como diria o filme supra citado, “Don´t mind the man behind the curtain.” Não se preocupem o dia que o Dr. Roberto Marinho (aqui entra algum titulo Quatrocentão como Junior, Neto, IV, que não me recordo) acordar com diarréia, ter seu rolex roubado no farol e decidir que a casa vai cair para aqueles que só tem quatro dedos em uma mão, não se preocupe, pois estamos no sossego, não existem problemas, não existe necessidade de nenhuma revolução, esta tudo bem.

E no último parágrafo usei a palavra fábula, essa se escrita por La Fontaine, teria a seguinte moral “Nada pode ser tão ruim, se você recebe uma dose de morfina logo após a tela quente.”

Crenças

Não acredito mais em Papai Noel, fada do dente, coelho da páscoa, para ser sincero nem na páscoa acredito mais, nem em Jesus cristo, nem na igreja católica, nem no governo americano, brasileiro, cubano ou seja lá da onde for. E cada dia fico mais pirrônico, o ceticismo me consome, desisti de acreditar no dinamismo do espírito humano, pelo menos no dinamismo do ser humano comum, não sei se acredito em Deus, pois essa é a sinuca do cético, acredito que ninguém pode ter certeza, que não importa por quem ou pelo que você coloca a mão no fogo, a história termina sempre com cheiro de churrasco.

Apesar de todas as coisas que não acredito que me tornam uma pessoa ruim para mim mesmo, que me tornam inimiga do meu ser, ainda acredito em coisas que me ajudam, pode ser transferência de personagens, daí já não sei. Acredito nos meus ídolos, acredito que algumas pessoas ainda pensam e que o ser humano fora da média é deveras dinâmico, acredito que sou idiota por ter certeza das minhas crenças, “but i can´t help it.” Acredito em mim, acredito que gosto de fazer o que poucos gostam, e segundo um amigo e como amigo ídolo, eu não sou mágico, estou em uma posição diferente do resto da porra do globo, pois eu gosto de fazer coisas que o resto da porra do globo não gosta. Eu acredito nas minhas escolhas. E acredito na maioria de vocês que ainda obedecem minha ordem seca via MSN, e gastam seu tempo lendo isso aqui. Essa é minha diferença sobre seus outros autores prediletos, eu escolhi vocês para lerem isso aqui, penso em cada uma das pessoas que eu sei que lêem isso aqui, a diferença é essa e que eu sou muito mais arrogante.

Tenham todos um bom dia, cheio de crenças.

Bile!

A bile armazenou, está mais amarela do que nunca, a escatologia me consome, esse é o resultado de uma prisão de ventre mental, explosões de textos, talvez bons, talvez ruins, a decisão é de vocês, estou confortável com aquilo que penso e vocês? acredito na escrita como arte de se expressar, e não como masturbação mental, tento expressar o que sinto e o que quero que vocês sintam, estamos em sintonia?

O que você sente? Esse texto junto com os outros é feito para vocês, por favor, comentem.

Silêncio!

Linhas vagas e dúbias, verdades plenas que me dão pena, daquele que plenamente escolheu ser o carrasco, quem é você? Sem ser meu reflexo? Como me avalia, sendo que me influencia? Sou tão louco, ou tão lúcido quanto tua exigência, sou o que queres de mim, você é a falha, assim como eu sou a tua, assuma tua gama de verdades e preconceitos, assuma tua vida medíocre, de alguém que só irá perder, mesmo quando estiver sempre ganhando, de alguém que sofrerá a cada novo objetivo conquistado, essa é tua sina, essa é a arma apontada para tua cara, com o gatilho sendo pressionado a cada instante um pouco mais, até o Cleck! Até o Pum! Até o Plaft! Viva a onomatopéia metafórica do seu, digo, nosso nefasto fim.

Reflexo

A quem conto de ti, sem ser para o espelho?

Quem deixa de me trair, sem ser o reflexo?

Quem pede emprestado o ombro, sem ser o desespero?

Quem o oferece, sem ser o amigo?

Quem o amigo carrega, sem ser o reflexo?

Por quem sofro, sem ser por mim?

Por ti, reflexo da minha alma!

domingo, 6 de janeiro de 2008

Camarote

Dualidade:
Sou rei, minha coroa é uma placa, mostra a que vim, mostra que eu sou, mostra o momento completo dentro do dia banal, sento em meu trono de vidro, preenchido de liquido, eu e só eu provo desse néctar, me resumo em pouco. Abdico de ser carne, agora sou líquido, sou sangue, sou álcool, sou o que querem, utilizo e abuso do meu trono ao meu bel prazer, sinto minhas veias completas de poder, e após o abuso me torno apenas bêbado, não um, mas apenas bêbado, e quando o trono esvazia, me torno, e sou:
Sou o menos consistente dos mortais, procuro a reunião das massas anônimas, procuro alguma expressão na massa mórbida, procuro o perfume único no meio de centenas de cheiros, sento no meu trono de vidro moldado, com minha coroa de papel e plástico onde se lê: esse é o reino de alguém, alguém que não sabe o que quer, esse alguém procura a reunião das massas e dentro dela o isolamento, esse alguém está desesperado, pois esse alguém não é ninguém, ele sobe ao seu patamar, veste sua coroa, tenta desesperadamente deixar de ser anônimo, mas nessa batalha irônica, faz a troca de ser alguém entre milhares para ser alguém entre cinco ou seis. Mas continua sendo apenas alguém. Alguém que quer deixar de ser o que todos em volta desejam.